A liturgia é um simbolismo que envolve os ritos a fim de explicitar-lhes exteriormente o alcance e para realçar a descontinuidade real entre o sagrado e o profano, ou entre o divino e o humano, sobretudo o humano coletivo.
No Cristianismo, o elemento litúrgico é mais desenvolvido* do que no Judaísmo ou no Islã; a razão disso está em que, sendo de origem e de estrutura esotérica, o Cristianismo deve sublinhar tanto mais a separação entre o sagrado e o profano**; esta necessidade resulta não do esoterismo em si mesmo, mas de sua aplicação religiosa, portanto social, ou seja, de sua exoterização.
O elemento litúrgico se encontra, num ou noutro grau, em todo sistema ritual — particularmente, também, no Budismo — e sempre pelas mesmas razões fundamentais.
Notas
* Aqui não pensamos nas sobrecargas mais ou menos tardias das liturgias cristãs, mas em suas formas essenciais, que remontam aos Padres da Igreja.
** Distinção que existe em toda parte onde há coletividades tradicionais.
Schuon, Perspectives spirituelles et faits humains, Les Cahiers du Sud, 1953, pp. 83-84.

