A ciência moderna feriu de morte a religião

A ciência moderna teve por efeito, entre outros, ferir mortalmente a religião, trazendo à luz, concretamente, problemas que só o esoterismo pode resolver, e que nada resolve de fato, dado que o esoterismo não é escutado — e ele nunca foi tão pouco escutado. Diante desses problemas novos, a religião está desarmada, e ela toma emprestados, de forma inábil e como que tateando, os argumentos do adversário, o que a obriga a falsificar insensivelmente sua própria perspectiva e a cada vez mais negar-se a si própria; sua doutrina, por certo, não é atingida, mas as falsas opiniões tomadas emprestadas a seus negadores a devoram sorrateiramente “desde dentro”, como o testemunha a exegese moderna, o achatamento demagógico da liturgia, o darwinismo telhardiano ou a “arte sagrada” de obediência surrealista e “abstrata”.

Schuon, Regards sur les mondes anciens, L’Harmattan, 2016, p. 46.