Um só dever: o reconhecimento cotidiano do Eterno

Um chefe da tribo Pés Negros. Foto de Edward Curtis.

“Todo aquele que viveu muito na natureza virgem sabe que há uma força magnética que aumenta na solidão e se dissipa rapidamente na vida entre os homens; e mesmo os inimigos dos índios da América reconheceram que nenhum outro homem o iguala do ponto de vista da força inata, ou do equilíbrio que se mantém impassível em qualquer ambiência (…)

“É a verdade pura e simples que o índio, enquanto se mantinha sob a influência das ideias de sua raça, olhava as grandes aquisições do homem branco sem nenhuma inveja e não tinha nenhum desejo de imitá-las (…) Ele as desprezava, assim como um espírito elevado, que está totalmente absorto numa obra difícil, despreza o leito demasiado macio, o gosto pelos alimentos refinados e os divertimentos superficiais de um vizinho rico. Ele estava persuadido de que a virtude e a felicidade são independentes dessas coisas, e talvez mesmo incompatíveis com elas (…)

“Ele achava revoltante e quase inconcebível que houvesse entre essas pessoas quem tivesse a pretensão de lhe ser superior, muitas ímpias (…)

“Os historiadores da raça vermelha devem reconhecer que não foi nunca o índio que quebrou em primeiro sua palavra (…) O antigo índio combinava sua atitude altiva com uma modéstia muito particular. A pretensão espiritual lhe era desconhecida por sua própria natureza e por sua educação (…) Ele só tinha um dever inevitável: (…) O reconhecimento quotidiano do Invisível e do Eterno.”

Charles A. Eastmann, citado por Frithjof Schuon.