Errata de uma tradução de um livro de Schuon

Eis alguns erros de tradução encontrados em O Esoterismo como Princípio e como Caminho, de Frithjof Schuon, traduzido do original francês e publicado no Brasil pela Editora Pensamento em 1985. Esta errata não é exaustiva nem sistemática, tendo sido feita com base em erros identificados durante a leitura do livro.

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Em cada ponto comentado abaixo, o primeiro texto é o da edição brasileira, errado ou impreciso. O segundo, como deveria ter sido traduzido.

Página 11

Onde se lê:

Os kantianos nos pedirão a prova da existência dessa forma de conhecimento; mas há aqui um primeiro erro, ou seja, não passa de um conhecimento que podemos provar de facto.

Leia-se:

Os kantianos nos pedirão para provar a existência dessa maneira de conhecer; ora, há aí um primeiro erro, a saber, crer que só é conhecimento aquilo que podemos provar de facto.

Onde se lê:

A fé equivale a um conhecimento objetivado pelo coração.

Leia-se:

A fé equivale a um conhecimento cardíaco objetivado.

Onde se lê:

Se existe um conhecimento intrinsecamente direto mas extrinsecamente objetivado quanto à sua comunicação, deve haver nele, correlativamente, um conhecimento indireto em si, contudo subjetivo quanto ao seu processo.

Leia-se:

Se existe um conhecimento intrinsecamente direto mas extrinsecamente objetivado quanto à sua comunicação, deve existir, correlativamente, um conhecimento em si indireto mas não obstante subjetivo quanto ao seu processo.

Página 12

Onde se lê:

É verdade que só a experiência, e na ausência da Intelecção, pode dar margem a conclusões totalmente opostas.

Leia-se:

É verdade que a experiência por si só, e na ausência da Intelecção, pode dar margem a conclusões totalmente opostas.

Página 13

Onde se lê:

Temos aí pelo menos a posição de princípio e a razão de ser do esoterismo; é realmente necessário que ele seja de fato sempre consequente consigo mesmo, visto que as soluções intermediárias são humanamente inevitáveis.

Leia-se:

Temos aí pelo menos a posição de princípio e a razão de ser do esoterismo; mas falta muito para que ele seja sempre, de fato, consequente com si mesmo, tanto mais quanto soluções intermediárias são humanamente inevitáveis.

Página 20

Onde se lê:

Afirmar que Cristo teria caminhado sobre as águas, ou se elevado no ar, seria seguramente contrário à razão.

Leia-se:

Afirmar que o Cristo teria caminhado sobre as águas sem caminhar sobre as águas, ou elevando-se no ar, seria seguramente contrário à razão.

Página 28

Onde se lê:

Segundo um princípio já assinalado por nós, no Cristianismo o esoterismo absoluto só pode relacionar-se com a própria mensagem cristã.

Leia-se:

Segundo um princípio já assinalado por nós, o esoterismo absoluto, no Cristianismo, não pode proceder senão da própria mensagem crística.

Página 33

Onde se lê:

Como se o verdadeiro quietismo e a sexualidade espiritualizada comportassem aspectos, senão de penitência, pelo menos de exigência e de gravidade.

Leia-se:

Como se o verdadeiro quietismo e a sexualidade espiritualizada não comportassem aspectos, senão de penitência, ao menos de exigência e de gravidade.

Página 41

Onde se lê:

Pois o bem, tendo por definição uma tendência para se comunicar, o “Soberano Bem” não pode de forma alguma resplandecer para ele mesmo e em sua Essência e, em seguida – e conseqüentemente –, a partir dele mesmo e fora dele.

Leia-se:

Pois, o bem tendo por definição tendência a se comunicar, o “Sumo Bem” não tem como não irradiar para si mesmo e em sua Essência, e em seguida – e por via de conseqüência – a partir de si mesmo e fora de si.

(“Sumo Bem” e “Bem Soberano” são equivalentes, mas preferimos o primeiro.)

Página 59

Onde se lê:

No triângulo reto…

Leia-se:

No triângulo com a base embaixo e a ponta para cima…

Página 69

Onde se lê:

Coincidência que favorece a perspectiva islâmica e o exemplo do Profeta.

Leia-se:

Coincidência que a perspectiva islâmica e o exemplo do Profeta favorecem.

Página 73

Onde se lê:

Além disso, dizer que, decidindo o que é o bem e o mal, o homem se põe no lugar de Deus é insinuar que o bem e o mal resultam de uma decisão divina, isto é, de um veredicto cujas causas não podemos ignorar.

Leia-se:

Além disso, dizer que, ao decidir o que é o bem e o mal, o homem se põe no lugar de Deus é insinuar que o bem e o mal resultam de uma decisão divina, isto é, de um veredito cujas causas podemos ignorar.

Página 88

Onde se lê:

A compreensão, que é intelectiva; a concentração, que é volitiva; e a confirmação, que é afetiva.

Leia-se:

A compreensão, que é intelectiva; a concentração, que é volitiva; e a conformação, que é afetiva.

Página 90

Onde se lê:

Na fé, a resignação combina-se com o fervor; na virtude, a paciência combina-se com o fervor; na virtude, a paciência combina-se com a generosidade.

Leia-se:

Na fé, a resignação combina-se com o fervor; na virtude, a paciência combina-se com a generosidade.

Página 94

Onde se lê:

A volição, função da verdade…

Leia-se:

A volição, função da vontade…

Página 95

Onde se lê:

Confere ipso facto liberdade a essa forma de inteligência, a verdade…

Leia-se:

Confere ipso facto liberdade a essa forma de inteligência, a vontade…

Página 112

Onde se lê:

Aliás, com um matiz cínico…

Leia-se:

Aliás, com uma nuance democrática…

Onde se lê:

Eles não se dominam, nem com muito mais razão procuram se sublimar.

Leia-se:

Eles não se dominam, nem, com mais razão, procuram se superar.

Página 114

Onde se lê:

É importante estabelecer a distinção entre a sinceridade que simplesmente engloba e envolve o homem todo (…) e uma sinceridade fragmentária…

Leia-se:

É importante distinguir entre a sinceridade enquanto tal, que engloba e envolve o homem todo (…) e uma sinceridade fragmentária…

Página 115

Onde se lê:

O homem espiritual é o que se sublima e gosta de sublimar-se.

Leia-se:

O homem espiritual é o que se supera e gosta de superar-se.

Onde se lê:

O homem mundano permanece horizontal e detesta a dimensão vertical. E isso é importante: ele não pode submeter-se a um ideal constrangedor – nem procurar sublimar-se com vistas a Deus – sem ter na alma o que os psicanalistas chamam “complexos”.

Leia-se:

O homem mundano permanece horizontal e detesta a dimensão vertical. E isto é importante: não se pode submeter-se a um ideal que impõe limites – nem procurar superar-se com vistas a Deus – sem ter na alma o que os psicanalistas chamam “complexos”.

Onde se lê:

Ser contrário ao que eles prezam.

Leia-se:

Ser contrário ao que eles pregam.

Página 116

Onde se lê:

Ser sincero não é ser corrupto perante os homens…

Leia-se:

Ser sincero não é ser vicioso perante os homens…

Onde se lê:

Os imperativos de determinada subjetividade mística só poderiam impedir a atitude normal, a de praticar as virtudes com equilíbrio e dignidade.

Leia-se:

Os imperativos de determinada subjetividade mística não poderiam impedir que a atitude normal seja a de praticar as virtudes com equilíbrio e dignidade.

Página 141

Onde se lê:

O domínio esotérico assemelha-se à profecia.

Leia-se:

A superioridade esotérica assemelha-se à profecia. 

Página 191

Onde se lê:

Liturgia

Leia-se:

Teurgia

(Alberto Queiroz, 2007.)