“A beleza nos aproxima de Deus”

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“Estando compreendidos na mâyâ terrestre, devemos manter o equilíbrio entre as perturbações temporais e os valores eternos; mas devemos, tanto quanto, manter o equilíbrio entre as belezas deste mundo e as do outro: entre as projeções terrestres e os arquétipos celestes. Ou entre a analogia ou a semelhança e a abstração ou a incomparabilidade; a analogia referindo-se à imanência, e a abstração, à transcendência.

“O senso da beleza actualizado pela percepção visual ou auditiva do belo, ou pela manifestação corporal quer estática, quer dinâmica da beleza, equivale a uma ‘lembrança de Deus’, se ele se encontra em equilíbrio com a ‘lembrança de Deus’ propriamente dita, a qual, ao contrário, exige a extinção do perceptível. À percepção sensível do belo deve, portanto, responder o retirar-se em direção à fonte suprassensível da beleza; a percepção da teofania sensível exige a interiorização unitiva.

“Para uns, só o esquecimento do belo – da ‘carne’, segundo eles – nos aproxima de Deus, o que é, evidentemente, um ponto de vista válido sob certo aspecto operativo; segundo outros – e esta perspectiva é mais profunda –, a beleza sensível nos aproxima, também ela, e mesmo a priori, de Deus, sob a dupla condição de uma contemplatividade que pressinta os arquétipos através das manifestações sensíveis e de uma atividade espiritual interiorizante que elimine as sensações em vista da percepção intelectiva e unitiva da Essência.”

(Frithjof Schuon, O Jogo das Máscaras, capítulo “Em face da contingência”. A pintura aqui incluída é de autoria de Schuon.)

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