Um extrato do livro de Schuon intitulado Perspectives Spirituelles et Faits Humains (Maisonneuve & Larose, Paris, 1989, pp. 185/186):
“O conhecimento só salva com a condição de engajar tudo o que somos: quando ele é um caminho que labora e que transforma, e que fere nossa natureza como o arado fere a terra.
“Isso quer dizer que a inteligência e a certeza metafísica não salvam por si mesmas, e não impedem por si mesmas quedas de titãs. É o que explica as precauções psicológicas e outras de que toda tradição espiritual cerca o dom da doutrina.
“Quando o conhecimento metafísico é efetivo, ele produz o amor e destrói a presunção. Ele produz o amor: a saber, o direcionamento espontâneo da vontade para Deus, e a percepção de ‘mim mesmo’ — e de Deus — no próximo.
“Ele destrói a presunção: pois o conhecimento não permite ao homem se superestimar, nem subestimar os outros; ao reduzir a cinzas tudo o que não é Deus, ele ordena todas as coisas.
“Tudo o que São Paulo diz da caridade se refere à sabedoria efetiva, pois esta é amor; ele a opõe à teoria enquanto conceito humano. O Apóstolo quer que a verdade seja contemplada com todo o nosso ser; ele chama de ‘amor’ esta totalidade da contemplação.
“O conhecimento metafísico é sagrado. É próprio das coisas sagradas exigir do homem tudo o que ele é.”