No primeiro parágrafo da tradução espanhola de Comprendre l’Islam, objeto da nota anterior, só agora vejo que está escrito: “El Islam es el encuentro entre Allâh como tal y el hombre como tal. Allâh como tal, es decir,…” No entanto, o original francês não usa o termo Allâh, mas a palavra Deus: “O Islã é a junção entre Deus como tal e o homem como tal. Deus como tal, ou seja…”
Se o autor quisesse usar o termo Allâh, ele o teria usado, como faz muitas vezes em outros de seus escritos. Mas aqui ele optou por usar o termo Deus, e devemos respeitar essa opção. Um tradutor não deve achar que sabe mais que o autor, nem deve querer “adaptá-lo” para determinados leitores.
O próprio Frithjof Schuon, num ensaio sobre a tradução, diz que ela deve ser literal sempre que possível. É preciso ter em mente que Schuon escreve com total precisão e economia no uso das palavras, diferentemente da maior parte dos escritores de hoje. Mudar seus termos e suas estruturas desnecessariamente, diz ele, implica possíveis perdas de nuances, quando não a falsificação de ideias importantes.
No caso em questão, “o Islã é a junção entre Deus como tal e o homem como tal”. Se substituímos Deus por Allâh, damos à afirmação uma conotação restritiva. Não é ao Deus Pessoal em sua Face voltada ao Islã que o autor se refere, mas, como ele mesmo diz, a Deus em si mesmo, a “Deus como tal”.
Que a tradução conste de um sítio eletrônico islâmico pode explicar isso, mas, como se diz popularmente, “explica, mas não justifica”.
Louvamos a publicação do texto, a disponibilização de uma tradução na internet. Mas pensamos ter o direito de fazer estas observações.
Outro problema: falta nesta tradução espanhola o prefácio do autor.