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O símbolo religioso está também dentro de nós

O mito da Criação.

Um exemplo clássico do dogma ingênuo é a história bíblica da criação, e então a do primeiro par humano: se somos céticos, choca-nos a infantilidade do texto literal, mas, se somos intuitivos — e todo homem deveria sê-lo —, somos sensíveis às verdades irrefutáveis das imagens; sentimos que portamos essas imagens em nós mesmos, que elas têm uma validade universal e intemporal. A mesma observação se aplica aos mitos e mesmo aos contos de fadas: ao descrever os princípios — ou situações — que dizem respeito ao universo, eles descrevem ao mesmo tempo realidades psicológicas e espirituais da alma; e, nesse sentido, pode-se dizer que os simbolismos da religião ou da tradição popular são, para nós, algo de experiência corrente, na superfície e em profundidade.

Frithjof Schuon, Approches du phénomène religieux, Le Courrier du Livre, 1984, p. 66.


Un exemple classique du dogme naïf est l’histoire biblique de la création, puis celle du premier couple humain : si nous sommes des sceptiques, nous nous heurtons à l’infantilisme du mot-à-mot, mais si nous sommes des intuitifs – et tout homme devrait l’être – nous sommes sensibles aux vérités irréfutables des images ; nous sentons que nous portons ces images en nous-mêmes, qu’elles ont une validité universelle et intemporelle. La même remarque s’applique aux mythes et même aux contes de fées : décrivant les principes – ou des situations – qui concernent l’univers, ils décrivent en même temps des réalités psychologiques et spirituelles de l’âme ; et en ce sens on peut dire que les symbolismes de la religion ou de la tradition populaire sont pour nous d’expérience courante, à la surface et en profondeur.

Frithjof Schuon, Approches du phénomène religieux, Le Courrier du Livre, 1984, p. 66.

É por Deus ser real que podemos concebê-lo

Frequentemente interpretou-se de forma equivocada a prova ontológica de Deus — formulada por Santo Agostinho e desenvolvida por Santo Anselmo —, e isso desde a Idade Média.

Na realidade, ela não significa que Deus é real porque pode-se concebê-lo, mas, ao contrário, que pode-se concebê-lo porque ele é real: ou seja, que a realidade de Deus tem por efeito, para nossa faculdade intelectiva, a certeza em relação a ela e, para nossa faculdade racional, a possibilidade de conceber o Absoluto.

E é precisamente esta possibilidade da razão — e a fortiori a intuição pré-racional do intelecto — que constitui a prerrogativa característica do homem.

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Observações sobre o Zen

Publicamos hoje um ensaio de Frithjof Schuon contido no livro Tesouros do Budismo, ainda inédito em português. Trata-se de “Observações sobre o Zen”. Ele começa assim:

“O interesse suscitado nos países ocidentais pelo Zen resulta de uma reação compreensível contra a grosseria e a feiúra, e também de uma certa lassidão em relação a conceitos julgados inoperantes – correta ou erroneamente – e às logomaquias filosóficas habituais; mas ele se mistura facilmente com tendências antiintelectuais e falsamente ‘concretistas’ – já era de se esperar –, o que subtrai a esse interesse todo valor efetivo; pois uma coisa é situar-se além do mental, e outra coisa é permanecer abaixo de suas possibilidades mais elevadas, imaginando ter ‘superado’ aquilo de que não se compreende a primeira palavra.” (continue a ler)

A contradição do relativismo – agora inteiro

A pedido de um leitor, damos aqui a tradução completa do importante ensaio “A contradição do relativismo”, de Frithjof Schuon, capítulo de abertura da grande obra que é Lógica e Transcendência (Logique et Transcendance, Éditions Traditionnelles, Paris, 1982) e do qual tínhamos, em nota anterior, traduzido somente uma parte.

O texto pode ser encontrado na página de ensaios ou simplesmente clicando aqui.

Esperamos que todos tenham tempo para ler (ou reler !) esta grande, incrível peça de verdadeira filosofia e de verdadeira inteligência.

Um problema de tradução

No primeiro parágrafo da tradução espanhola de Comprendre l’Islam, objeto da nota anterior, só agora vejo que está escrito: “El Islam es el encuentro entre Allâh como tal y el hombre como tal. Allâh como tal, es decir,…” No entanto, o original francês não usa o termo Allâh, mas a palavra Deus: “O Islã é a junção entre Deus como tal e o homem como tal. Deus como tal, ou seja…”

Se o autor quisesse usar o termo Allâh, ele o teria usado, como faz muitas vezes em outros de seus escritos. Mas aqui ele optou por usar o termo Deus, e devemos respeitar essa opção. Um tradutor não deve achar que sabe mais que o autor, nem deve querer “adaptá-lo” para determinados leitores.

O próprio Frithjof Schuon, num ensaio sobre a tradução, diz que ela deve ser literal sempre que possível. É preciso ter em mente que Schuon escreve com total precisão e economia no uso das palavras, diferentemente da maior parte dos escritores de hoje. Mudar seus termos e suas estruturas desnecessariamente, diz ele, implica possíveis perdas de nuances, quando não a falsificação de ideias importantes.

No caso em questão, “o Islã é a junção entre Deus como tal e o homem como tal”. Se substituímos Deus por Allâh, damos à afirmação uma conotação restritiva. Não é ao Deus Pessoal em sua Face voltada ao Islã que o autor se refere, mas, como ele mesmo diz, a Deus em si mesmo, a “Deus como tal”.

Que a tradução conste de um sítio eletrônico islâmico pode explicar isso, mas, como se diz popularmente, “explica, mas não justifica”.

Louvamos a publicação do texto, a disponibilização de uma tradução na internet. Mas pensamos ter o direito de fazer estas observações.

Outro problema: falta nesta tradução espanhola o prefácio do autor.

Compreender el Islam, na internet

O livro Comprendre l’Islam, de Frithjof Schuon, em sua versão espanhola, intitulada Compreender el Islam, está disponível na internet para leitura ou descarregamento em formato PDF.

Este livro, por suas profundas comparações com o Cristianismo, nos fornece não só uma visão magistral do Islã como, também, uma compreensão muito bonita e profunda da fé cristã.

Clique aqui para aceder ao sítio onde ele está.

Cristianismo e Budismo, por Schuon

Publicamos também hoje novo ensaio de Frithjof Schuon, intitulado “Cristianismo e Budismo”, contido no livro O Olho do Coração (L’Oeil du Coeur), livro este não existente em português. Esta tradução foi publicada há mais de vinte anos na Revista Thot, de São Paulo. A versão que aqui apresentamos foi revisada.

Um grande e belo ensaio de Frithjof Schuon que temos a honra de oferecer aos leitores de língua portuguesa.

Leia-o seguindo este enlace.

Livro de William Stoddart

remembering

A Editora Kalon acaba de lançar o livro Lembrar-se num Mundo de Esquecimento, de William Stoddart. Stoddart, um dos seguidores de Frithjof Schuon, procura aplicar os ensinamentos deste a uma série de aspectos do mundo moderno e da vida espiritual.

Alguns capítulos:

  • Progresso ou “Kali Yuga”?
  • Sentido por trás do absurdo Civilização tradicional e civilização moderna
  • Obstáculos Ideológicos à vida espiritual
  • O conflito religioso e étnico
  • Que é misticismo?

O livro pode ser encontrado à venda na Estante Virtual.