Publicamos hoje um ensaio de Frithjof Schuon contido no livro Tesouros do Budismo, ainda inédito em português. Trata-se de “Observações sobre o Zen”. Ele começa assim:
“O interesse suscitado nos países ocidentais pelo Zen resulta de uma reação compreensível contra a grosseria e a feiúra, e também de uma certa lassidão em relação a conceitos julgados inoperantes – correta ou erroneamente – e às logomaquias filosóficas habituais; mas ele se mistura facilmente com tendências antiintelectuais e falsamente ‘concretistas’ – já era de se esperar –, o que subtrai a esse interesse todo valor efetivo; pois uma coisa é situar-se além do mental, e outra coisa é permanecer abaixo de suas possibilidades mais elevadas, imaginando ter ‘superado’ aquilo de que não se compreende a primeira palavra.” (continue a ler)
É precisamente esse “ateísmo” – ou “materialismo” – mal disfarçado que percebo em muitos mestres zen de origem ocidental, e em menor grau também nos de outras escolas búdicas. É lamentável que um repositório de tantos tesouros espirituais, como é o caso do Budismo, tenha servido de máscara para a mentalidade anti-espiritual dos tempos modernos. Isso só vem demonstrar que nada escapa à decadência da Era Mappô e ao endurecimento dos corações.
Caro Ciro
Grato por seu comentário. Sim, compartilho sua indignação. De fato, nada – melhor dizendo: quase nada – escapa à decadência destes “últimos tempos” e ao endurecimento dos corações. Por outro lado, paradoxalmente, este é um tempo de grande misericórdia, em que, sob certo aspecto, é “fácil” ir ao Céu. Frithjof Schuon diz que, nos últimos tempos, “a misericórdia brota em toda parte”. O mesmo diz Cristo na parábola dos trabalhadores na vinha: os últimos a chegar ao campo, os da “undécima hora”, trabalham somente uma hora, mas recebem a mesma paga dos que trabalharam todo o tempo. E o Profeta diz que “no começo dos tempos, aquele que omitir um décimo da Lei será condenado; no final dos tempos, aquele que cumprir um décimo da Lei será salvo” (cito de memória). A própria Sophia Perennis é uma manifestação claríssima dessa abertura, pois põe ao alcance de todos as verdades mais profundas e mais elevadas, as mesmas que em outras épocas tinham de ser ocultadas e disfarçadas e que tantos buscaram sem as encontrar. Hoje está tudo aí. A metafísica mais pura está exposta com claridade fulgurantes nos livros de Schuon e em alguns de Guénon, os segredos da arte sagrada tradicional, da Alquimia e outros expostos em livros de Titus Burckhardt. Por fim, gostaria de dizer que em alguns lugares, nestas grandes Tradições de nosso mundo, ainda há representantes legítimos. E tenho razões para crer que esses representantes se beneficiam, de uma ou de outra forma, da Sophia Perennis, que lhes vem permitir compreender, num quadro maior, o que é a Verdade, o que é o Método espiritual, o que são os ritos, o que são as virtudes, o que é a arte sacra, enfim, o que é, em sua natureza primordial e perene, o homem.
Nós, homens mergulhados em paixões e filhos desses tempos decadentes, temos a Divina Misericórdia a nosso favor, e isto é tudo. Graças a Deus! Namu Amida Butsu.
Prezado Alberto, se souber onde posso adquirir este livro “Tesoros del Budismo”, por favor, queira me indicar. Grato!
Ciro, você já viu o exemplar à venda na Estante Virtual? O link é este: http://www.estantevirtual.com.br/papirus/Frithjof-Schuon-Tesoros-Del-Budismo-141407497. Saudações cordiais.
Obrigado!