“Em verdade, àqueles que gostam que se espalhe a calúnia em relação àqueles que creem, a eles caberá uma dolorosa punição neste mundo e no mundo vindouro. Deus sabe. Vós não sabeis.” [Alcorão, 24:19]
Cristo foi caluniado. Moisés foi perseguido. O Profeta foi caluniado. O Buddha foi caluniado.
Santos e sábios foram caluniados e perseguidos. Vem-nos à mente São Pedro. Dante Alighieri. O Cura d’Ars. São Francisco de Assis. O Cheikh Al-Buzidi. O Cheikh Al-Alawî.
Mas cremos que a lista não teria fim.
Uma lenda budista conta que alguém veio ao Buddha para ofendê-lo. O Buddha, serenamente, lhe perguntou: “Quando alguém lhe traz um presente e você não o aceita, com quem fica o presente?” O ofensor respondeu: “Com quem o trouxe.” O Buddha lhe disse, então: “Pois bem, você me trouxe suas injúrias, mas não vou aceitá-las. Elas ficarão, então, com você mesmo.” [citamos de memória]
Um conto oriental diz que trouxeram uma velha caluniadora, que tinha difamado um homem honrado, para ser julgada. O juiz mandou que ela escrevesse o nome da vítima da calúnia num papel, picasse o papel em minúsculos pedacinhos e andasse pela cidade espalhando-os. Deveria voltar só quando tivesse terminado.
A caluniadora o fez, e foi trazida de volta à presença do juiz. Ele ordenou, então, que ela andasse por toda a cidade pegando de volta os pedacinhos de papel e, com eles, recompusesse o nome de sua vítima. “Mas isso é impossível, senhor!”, disse ela.
“Da mesma forma”, disse ele, “é impossível recompor inteiramente o nome honrado de quem foi caluniado”. E deu sua sentença de muitas chibatadas, dizendo que o caluniador não tem perdão.
Titus Burckhardt conta em Fez, Cidade do Islã, a história de um doutor em jurisprudência islâmica, na Idade Média, que condenou injustamente a obra de Al-Ghazali e ordenou que seus livros fossem queimados. À noite, sonhou que o grande sufi se queixava com o Profeta, e que o Profeta condenava o jurisconsulto a receber certo número de chibatadas. Ao acordar, de manhã, reparou, com grande temor, que suas costas doíam e apresentavam marcas de diversas chibatadas. Só então foi ele ler com a devida humildade a obra de Ghazali, e o resultado foi que revogou sua proibição. [citamos de memória]
Repetimos a terrível advertência do Alcorão: “Em verdade, aqueles que gostam que se espalhe a calúnia em relação àqueles que creem, a eles caberá uma dolorosa punição neste mundo e no mundo vindouro. Deus sabe. Vós não sabeis.” [24:19]
E a seguinte frase, por todos nós conhecida, mas por muitos de nós esquecida:
“Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.”