“…Antigamente, o príncipe das trevas combatia as religiões sobretudo desde fora, fazendo-se abstração da natureza pecadora dos homens; em nossa época, ele acrescenta a essa luta um estratagema novo, ao menos quanto à ênfase, o qual consiste em se apoderar das religiões desde dentro, e ele em grande parte já o conseguiu, tanto nos mundos do Judaísmo e do Cristianismo quanto no do Islã. Isso nem lhe é difícil — o uso de artimanhas seria quase um luxo inútil —, dada a prodigiosa falta de discernimento que caracteriza a humanidade de nossa época; uma humanidade que tende cada vez mais a substituir a inteligência pela psicologia e o objetivo pelo subjetivo, e mesmo a verdade por ‘nosso tempo’.”
Frithjof Schuon, Christianisme/Islam, Visions d’Oecuménisme ésotérique, Arché-Milano, 1981, p.78. Note-se que estas linhas foram escritas há mais de 35 anos.
À guisa de reflexão: Pode-se assinalar que esse processo de destruição “desde dentro” apontado por Frithjof Schuon, começa com a mais antiga das três religiões, o Judaísmo, exatamente quando não conseguiram entender a mensagem do Cristo. São Paulo aponta que na religião de Israel a Lei havia substituído a verdadeira fé (Rm). As condenações sucessivas dos fariseus aos sinais e prodígios de Jesus Cristo realizados nos sábados, são apenas uma das muitas demonstrações de que a prática positiva e vazia dos preceitos da Lei havia substituído a verdadeira fé. Ao negar o Cristo de Deus a ponto de matá-lo, em conluio com os pagãos romanos, o judaísmo realizou o movimento final que precipitou a sua decadência. Seria correto pensar assim? Ou os limites dogmáticos de cada religião, que a torna, pelo menos formalmente, excludente em relação às outras, nunca poderiam permitir que o judaísmo aceitasse Jesus Cristo?