O espiritual procura sempre ser objetivo, nobre, simples

A serenidade e a bondade espirituais parecem sobressair nesta foto de Dom Bosco (1815-1888).

Entre as qualidades que são indispensáveis para a espiritualidade em geral, mencionaremos em primeiro lugar uma atitude mental que poderíamos designar, na falta de um termo melhor, com a palavra “objetividade”: é uma atitude da inteligência totalmente desinteressada, portanto livre de ambição e de partidarismo, e, por esse fato, marcada pela serenidade. Em segundo lugar, mencionaremos uma qualidade que diz respeito à vida psíquica da pessoa: é a nobreza, ou seja, a elevação da alma em relação às coisas mesquinhas; é, no fundo, um discernimento, em modo psíquico, entre o essencial e o acidental, ou entre o real e o irreal. Por fim, há a virtude de simplicidade: o homem se vê livre de toda crispação inconsciente causada pelo amor-próprio; ele tem, em relação aos seres e às coisas, uma atitude completamente original e espontânea, isto é, sem nada de artificial; ele está livre de toda pretensão, ostentação ou dissimulação; numa palavra, ele não tem orgulho. Todo método espiritual exige antes de tudo uma atitude de pobreza, de humildade, de simplicidade ou de autoapagamento, atitude que é como uma antecipação da extinção em Deus.


Parmi les qualités qui sont indispensables pour la spiritualité en général, nous nommerons d’abord une attitude mentale que nous pourrions désigner, faute d’un meilleur terme, par le mot « objectivité » : c’est une attitude parfaitement désintéressée de l’intelligence, donc libre d’ambition et de parti pris et, de ce fait, empreinte de sérénité. En second lieu, nous nommerons une qualité concernant la vie psychique de l’individu : c’est la noblesse, c’est-à-dire l’élévation de l’âme par rapport aux choses mesquines ; c’est au fond un discernement, en mode psychique, entre l’essentiel et l’accidentel, ou entre le réel et l’irréel. Enfin, il y a la vertu de simplicité : l’homme est libéré de toute crispation inconsciente à base d’amour-propre ; il a, vis-à-vis des êtres et des choses, une attitude parfaitement originale et spontanée, c’est-à-dire dépourvue de tout artifice ; il est libre de toute prétention, ostentation ou dissimulation ; en un mot, il est sans orgueil. Toute méthode spirituelle exige avant tout une attitude de pauvreté, d’humilité, de simplicité ou d’effacement, attitude qui est comme une anticipation de l’extinction en Dieu.

L’Œil du CœurFrithjof Schuon, L’Harmattan, 2017, p. 154