A arte tradicional provém de uma criatividade que combina uma inspiração celeste com um gênio étnico, e isto à maneira de uma ciência que inclui regras, não de uma improvisação individual; ars sine scientia nihil.
A obra artística ou artesanal tem duas perfeições, a da superfície e a da profundidade: na superfície, a obra deve ser bem feita, em conformidade com as leis da arte e com as exigências do estilo; em profundidade, ela deve poder comunicar a realidade que ela exprime. Isto explica por que a arte tradicional se refere ao esoterismo quanto à forma e à realização espiritual quanto à prática: pois a forma exprime a essência, e a compreensão da forma evoca e exige a superação desta em vista da essência ou do arquétipo.
O artista, moldando a obra — a forma —, molda a si mesmo; e como a razão de ser da forma é comunicar a essência ou o conteúdo celeste, o artista vê a priori este conteúdo no recipiente formal; realizando a forma a partir da essência, ele se torna essência ao realizar a forma.
(Frithjof Schuon)
A arte, entendida dessa maneira, ganha um sentido de ligação entre o divino e o humano que a exalta e valoriza. Senhor, tende piedade de nós que já não conseguimos fazer arte como essa, pois estamos nos perdendo de Ti.