K.I. escreve que há muitos santuários cristãos na India que são visitados por hindus. Isso não tem nada de surpreendente; é um aspecto do espírito hindu, baseado na Bhagavadgîtâ: “Sob qualquer forma que vós me adoreis, diz Krishna, é sempre a Mim que adorais.” Se hindus obtêm graças em tais lugares, são graças hindus; é o Céu hindu que atende às orações através de uma forma cristã ou outra. Fazendo-se exceção para a Virgem Santíssima, que pode ela mesma atender a um hindu se ela quer. […]
A Virgem Santíssima não é fundadora de religião, seu caso é portanto diferente do do Cristo; e como ela é — em linguagem hindu — uma encarnação plena e direta de Shrî Lakshmî, ou da Shakti enquanto tal, portanto também de Sarasvatî ou de Pârvatî, ela pode irradiar além das formas; é portanto concebível que ela atenda diretamente as preces dos hindus, dada a atitude característica deles baseada na Bhagavadgîtâ e em outros Textos sagrados.
[Carta de 22 de junho de 1970.]
Já me perguntaram mais de uma vez sobre a função respectiva do Logos masculino e do Logos feminino. Ora, o Cristo é a “Via” e a Virgem é o “Lugar”; ele é o Sacrifício e ela é o Templo. Eu poderia também dizer, o mais concretamente possível, que o Cristo personifica as Perfeições espirituais, enquanto que a Virgem Santíssima personifica o Retiro; ela é o ambiente santo sem o qual não há floração. Isto eu sei por experiência; a graça marial exclui toda curiosidade mundana e toda dissipação alienante; ela é como uma aura pura e bem-aventurada que nos acompanha em toda parte e de que não devemos sair. E isto não deixa de ter relação com o simbolismo de seu véu ou de seu manto, que protege e que é o abrigo dos santos.
[Carta 24 de de novembro de 1980]
A Virgem Santíssima personifica a beleza do Céu, ela é algo da Beleza de Deus.
[Carta de 4 de maio de 1971]
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Publico estes três extratos de cartas de Frithjof Schuon em função dos 300 anos, completados hoje, de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.