Nossa identidade profunda é nossa relação com Deus; nossa máscara é a forma que devemos assumir no mundo das formas, do espaço, do tempo. Nossa ambiência, assim como nossa personalidade, é forçosamente do domínio do particular, não do Universal; do ser possível, não do Ser necessário; do bem relativo, não do Sumo Bem. Portanto, não há que se perturbar por viver em certa ambiência e não em outra; e também não há que se perturbar por ser certo indivíduo e não outro. Sendo uma pessoa — sob pena de inexistência —, só se pode ser uma pessoa particular, ou seja, “tal ou qual pessoa” e não “a pessoa como tal”; esta só se situa no mundo das Ideias divinas, e “tal pessoa” é-lhe um reflexo na contingência.
O que é fundamental é manter, a partir do ser possível, o contato com o Ser necessário; com o Sumo Bem, que é a essência de nossos valores relativos, e cuja natureza misericordiosa inclui o desejo de nos salvar de nós mesmos; de nos libertar fazendo-nos participar de seu mistério ao mesmo tempo imutável e pleno de vida.
Frithjof Schuon, Le Jeu des Masques, L’Age d’Homme, Lausanne, 1992, pp 54-55.
(Foto: Swami Ramdas, 1884-1963)
Obrigado !
Em boa hora.
Abs e paz
Por nada, Claudia. Paz para você, também.