Nossa virtude deve ser como as flores do campo

Há em nossas boas obras e em nossas virtudes um veneno que só é eliminado por nossa convicção de que Deus não tem necessidade de tudo isso, e de que elas devem ser gratuitas como as flores dos campos. Nossos atos só têm importância na medida em que eles determinam algo em nós mesmos ou em nossa ambiência, dois domínios submetidos às normas divinas; mas o que Deus quer de nós — ao mesmo tempo em que Ele nada quer, está claro — é nossa alma, nosso centro vital, o ego, e através deste nossa personalidade imortal; em última análise, Deus quer-se a si mesmo em nós. Portanto, há que se guardar de uma concepção materialista e demagógica da caridade e nunca esquecer que o que “interessa” a Deus — e a única coisa que pode lhe “interessar” — é a vida eterna daquele que dá e a vida eterna daquele que recebe.

Schuon, Les stations de la sagesse, Maisonneuve & Larose, Paris, 1992, p. 158.