Na Índia antiga, a nudez era sagrada

As gopis pedem a Krishna que lhes devolva as roupas.

Foi evidentemente a deiformidade do corpo humano que inspirou o nudismo sagrado; desacreditado nas religiões semíticas por razões de perspectiva espiritual e de oportunidade social — apesar disso, mesmo aí ele se manifestou esporadicamente entre contemplativos próximos da primordialidade —, ele está sempre na ordem do dia na Índia, pátria imemorial dos “gimnosofistas”.[1] Krishna, tirando das gopis adoradoras toda vestimenta, “batizou-as”, por assim dizer: ele as reduziu ao estado de antes da “queda”.[2] A via libertadora é tornar-se novamente o que se é.

[1] Nome dado pelos gregos da Antiguidade a certos espirituais hindus que viviam nus. (N. do T.)
[2] Sem dúvida, a vestimenta representa, em clima de monoteísmo semítico, a escolha do “espírito” contra a “carne”; o que não impede que o corpo exprima intrinsecamente a deiformidade, portanto a “divindade” primordial e a imanência. Em certo sentido, se a vestimenta indica a alma ou a função, o corpo indica o Intelecto.

Schuon, A Transfiguração do Homem, Sapientia, 2009, pp. 54-55.


Swami Bhaskarananda Saraswati (1833-1899), santo de Benares. Reis vinham pedir seu conselho.