O Verbo deve “encarnar-se” na alma “virgem”

A Virgem-Mãe e o Menino (pintura de Frithjof Schuon).

Deus tornou-se homem, a fim que o homem se torne Deus. O primeiro mistério é a Encarnação, e o segundo, a Redenção.

Contudo, assim como o Verbo, encarnando-se, estava já, de certo modo, crucificado, assim também o homem, ao retornar a Deus, deve participar dos dois mistérios: o ego é crucificado em relação ao mundo, mas a graça salvadora se encarna no coração; a santidade é o nascimento e a vida de Cristo em nós.

Esse mistério da Encarnação tem dois aspectos: o Verbo, por um lado, e seu receptáculo humano, por outro; o Cristo e a Virgem-Mãe. A fim de poder realizar em si mesma este mistério, a alma deve ser como a Virgem, pois, assim como o Sol só pode se refletir na água quando ela está calma, da mesma forma a alma só pode receber Cristo na pureza virginal, na simplicidade original, e não no pecado, que é perturbação e desequilíbrio.

Por “mistério” entendemos não algo de incompreensível em princípio — a menos que seja no plano puramente racional —, mas algo que desemboca no Infinito, ou que é considerado sob esse aspecto, de forma que a inteligibilidade torna-se ilimitada e humanamente inesgotável. Um mistério é sempre “algo de Deus”.

Schuon, extrato do ensaio “Mistérios Crísticos e Virginais”, in Sentiers de Gnose, La Place Royale,1987, pp. 163-194.

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